sexta-feira, julho 12

Poema: O Boi

(Carlos Drummond de Andrade)
Ó solidão do boi no campo,
ó solidão do homem na rua!
Entre carros, trens, telefones,
entre gritos, o ermo profundo.

Ó solidão do boi no campo,
ó milhões sofrendo sem praga!
Se há noite ou sol, é indiferente,
a escuridão rompe com o dia.

Ó solidão do boi no campo,
homens torcendo-se calados!
A cidade é inexplicável
e as casas não têm sentido algum.

Ó solidão do boi no campo,
O navio-fantasma passa
em silêncio na rua cheia.
Se uma tempestade de amor caísse!
As mãos unidas, a vida salva...
Mas o tempo é firme. O boi é só.
No campo imenso a tore de petróleo.

segunda-feira, julho 1

Poema: Cidadezinha Qualquer

(Carlos Drummond de Andrade)
Casas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras.
Pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar...as janelas olham.
Eta vida besta, meu Deus.